Uma das perguntas que mais escuto em sala de aula desde que comecei minha carreira como professor de inglês é: “Teacher, dá para aprender inglês com música realmente?” Minha resposta permanece a mesma desde então: “Aprender inglês com música é possível, é legal e pode ajudar a desenvolver as habilidades na língua ainda mais rapidamente.”
Digo isso com propriedade, pois as músicas me ajudaram muito a desenvolver o inglês quando eu estava morando na Austrália. Claro que lá, tudo contribuía, mas achei nas músicas uma maneira relaxante e divertida de aprender inglês. Confesso que continuo fazendo isso até hoje.
Aprender inglês com música precisa ser leve.
Para contextualizar melhor este tópico, vou voltar no tempo, à época em que eu era aluno do ensino médio e tinha inglês como matéria na escola regular. Lembro que havia sempre atividades com música, mas geralmente eram aqueles exercícios de completar as lacunas em branco com palavras.
Tipo, escute a música e preencha as lacunas com palavras que os professores retiravam da letra. Eu não era nada fã desse exercício, viu?
Hoje, não tenho nada contra essa clássica atividade em sala de aula, só não a utilizo da forma mais tradicional. Acho que ela é uma atividade meio pesada, e aprender inglês com música deve ser leve, trazendo um sentido para o que se está fazendo. Toda música traz uma história, e não apenas palavras. Entende?
Por isso, sugiro alguns tipos de práticas com música que considero mais significativas e leves. Aqui, vou citar um passo a passo que você pode seguir em casa ou onde estiver, e ele serve para qualquer nível.
A única questão é alinhar suas expectativas de acordo com o estágio em que você está no aprendizado do inglês.
Passo um: Escolha algo que você goste de ouvir
Quando for estudar com música, escolha uma música que você goste, que tenha um significado para você e até aquelas que tragam boas lembranças. Isso ajudará a manter sua motivação, trará sentido para o exercício e, eventualmente, maior satisfação ao completar os estudos.
Passo dois: Toque a música e apenas escute
O segundo passo é tão simples quanto o primeiro. Basta tocar a música, sentar, relaxar e ouvir. A ideia aqui é que você curta e aprecie, além de treinar o ouvido para um idioma diferente de sua língua materna (no nosso caso, o português).
As chances são de que, nesse processo, você reconheça palavras ou frases sem a “pressão” de ter que entender algo específico, como no exercício tradicional de preencher as lacunas em branco da letra da música.
Passo três: Toque a música novamente, escute e anote
O próximo passo é ouvir a música novamente, mas desta vez anotando as palavras, frases e sentidos que você compreendeu. Não se preocupe em escrever tudo certinho, pois o foco aqui é diferente da escrita.
Anote tudo o que você acha que ouviu ou entendeu na música, sem se preocupar muito se realmente era o que foi cantado. Não há um número certo ou errado de coisas a serem anotadas aqui. O importante é ser “leve”.
Passo quatro: Confirme suas anotações escutando a música novamente
Escute a música pela terceira vez, mas agora foque no que você escreveu em sua lista, verificando se realmente é o que está sendo dito (cantado). Se você escutar novas palavras ou compreender algo mais, ótimo! Adicione essas informações às suas notas.
Passo cinco: Contexto
Com as expectativas devidamente alinhadas ao seu conhecimento de inglês, tente montar um contexto com as palavras, frases e sentidos que você anotou. Imagine que esse contexto seja a ideia geral da história da música. Monte o seu contexto com base no que você tem e conseguiu. Simples assim.
Passo seis: Letra da música
Agora, com a letra original da música em mãos, compare o contexto que você criou anteriormente com o que realmente diz a música. O objetivo aqui é se aproximar o máximo possível da história da música.
Se quiser, pode anotar as palavras que você não conhece da letra da música e procurar seus significados. Caso o contexto que você criou não seja exatamente o da música, tenha paciência, persista e acredite no processo. Só o fato de você fazer essa atividade já te fará desenvolver.
Para encerrar, minha convicção não é apenas teórica; é fundamentada em experiência profissional e pessoal. A música transcende barreiras linguísticas. Ela nos envolve, nos emociona e nos conecta a culturas distantes.
Quando cantamos junto com nossos artistas favoritos, estamos imersos em vocabulário autêntico (termo técnico para “real”), expressões idiomáticas e nuances da língua. As palavras ganham vida, e a gramática se transforma em ritmo.
Então, sim, querido aluno, você pode aprender inglês com música. Permita-se mergulhar nas canções, decifrar suas letras e sentir a cadência da língua.
E, quem sabe, talvez um dia você também escreva um artigo inspirador sobre como a música moldou sua jornada linguística. Lembre-se: a trilha sonora da aprendizagem é tão importante quanto o conteúdo dos livros. Aperte o play e deixe a música ser sua professora silenciosa.